Dados do Trabalho


Título

Facoemulsificação em olho nanoftálmico glaucomatoso

Objetivo

Relatar um caso bem sucedido de facoemulsificação em olho nanoftálmico e glaucomatoso, apesar do elevado risco de complicações devido ao pequeno espaço de trabalho na câmara anterior e à hipertensão vítrea intraoperatória, próprias de tal condição.

Relato do caso

Paciente do sexo masculino, 30 anos, referenciado para trabeculectomia (TREC). Sua acuidade visual era de 20/80 em olho direito (OD) e 20/40 em olho esquerdo (OE) com refração de +9,00esf e +8,50esf, respectivamente. À biomicroscopia, se observava câmara anterior muito rasa e iridotomias pérvias. Apresentava pressão intraocular (PIO): 22/20 mmHg em uso de acetazolamida 250mg 12/12h. Tinha uma paquimetria de 610/615µ e ceratometria de 50,25 X 50,25. À fundoscopia, apresentava escavação subtotal em OD e fisiológica em OE. Optou-se, no primeiro momento, pela associação de Maleato de Timolol e realização da TREC em OD. No 90º pós-operatório, tinha PIO 08/10mmHg e câmara anterior formada em uso de Atropina, sendo então encaminhado ao glaucoma clínico. Um ano após a realização da TREC, comparece a consulta com AV em OD de vultos, toque iridocristaliniano em endotélio e PIO de 15mmHg. A ultrassonografia biomicroscópica evidenciou atalamia, cristalino intumescente não cataratoso e deslocamento anterior do complexo iridocristaliniano. A ultrassonografia ocular verificou que a retina estava aplicada e a biometria comprovou o reduzido comprimento axial: 18,97mm. Diante do quadro complexo de nanoftalmia, glaucoma avançado, TREC prévia e atalamia, decidiu-se pela facoemulsificação com uso de Manitol no pré-operatório imediato. No 60º dia pós-operatório, o paciente apresentava AV OD de 20/50 com refração de +5,00 esf e PIO de 11 mmHg em uso de beta bloqueador e alfa-agonista tópicos.

Discussão

A cirurgia de catarata em olhos nanoftálmicos é temida devido aos grandes entraves técnicos encontrados no intraoperatório e pelo elevado risco de complicações como descompensação corneana, edema macular cistóide, glaucoma maligno, hemorragia supracoroidea e descolamento de retina. Entretanto, apesar das dificuldades técnicas enumeradas, relatamos um caso bem sucedido e com resultado pós-operatório bastante favorável de facoemulsificação em um olho nanoftálmico e glaucomatoso.

Área

Geral

Instituições

Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Espírito Santo - Espírito Santo - Brasil

Autores

Débora Letícia Souza Alves, Ana Luisa Pollo Mendonça, Lívia da Silva Conci, Jéssica Cararo Frossard, Caroline Oliveira Brêtas, Emília Polaco Covre