Dados do Trabalho


Título

Maculopatia Idiopática Aguda Unilateral Associado a Febre Amarela: Um Relato de Caso

Objetivo

Descrever um quadro de Maculopatia Idiopática Aguda Unilateral (MIAU) em um homem de 59 anos, com início três semanas após abertura de quadro de Febre Amarela(FA).

Relato do caso

Paciente deu entrada no serviço de oftalmologia da Santa Casa de São Paulo com queixa de baixa acuidade visual no olho esquerdo (OE) há 20 dias. Três semanas anteriores ao quadro de baixa acuidade visual, sintomas de febre alta, icterícia, vômitos e mialgia por 10 dias foram presentes. Paciente esteve em zona endêmica para FA dias antes do início do quadro de febre e o diagnóstico foi confirmado com exames de RT-PCR e ELISA.
Ao exame oftalmológico: acuidade visual com melhor correção (AVCC) de 20/20 no olho direito (OD) e 20/70 no OE. Biomicroscopia sem alterações e exame de fundo de olho com nevo temporal em OD e lesão acinzentada e circular profunda em região macular de OE. Foi realizado exame de Autofluor de fundo de olho de OE com achado de lesão com hiperautofluorescência circunscrita por anel hipoautofluorescente. O exame de Angiofluoresceínografia demonstrou área central com hipofluorescência irregular margeada por área hiperfluorescente, seguido por impregnação da lesão na fase tardia. Não houve área de vazamento. Exame de Tomografia por Coerência Óptica (OCT) da retina demonstrou debris hiperrefletivos na região apical do Epitélio Pigmentado da Retina (EPR) com descontinuidade da Zona Elipsóide e integridade da Membrana Limitante Interna.
Paciente foi monitorado ativamente com exames de OCT seriados e nenhum tratamento foi empregado para a maculopatia. No followup de duas semanas a AVCC do OE do paciente estava em 20/40 e exame de OCT demonstrando pouca melhora em relação aos achados anteriores, porém, agora, com discreto fluido subrretiniano. Dois meses após início do acompanhamento, paciente apresentou acuidade visual de 20/20 com melhora parcial do achado de debris hiperrefletivos no EPR e Zona Elipsóide ainda descontínua. O exame de Autofluor demonstrou que a área antes hiperautofluorescente se tornou mais hipoautofluorescente. O exame do OD se manteve inalterado durante o seguimento.

Discussão

O caso ilustra a evolução auto-limitada geralmente descrita em episódios de MIAU, porém, no presente relato, observa-se melhora funcional da visão sem melhora anatômica completa ao exame de OCT. O caso também traça uma associação, já descrita em literatura, dos quadros de MIAU com infecções virais prévias, no entanto, de maneira única neste relato, o quadro é associado a acometimento prévio por FA.

Área

Geral

Instituições

Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

Pedro Henrique Pinheiro Vizibelli Chaves, Rodrigo Crispim Dompieri, Aline Fioravanti Lui