Dados do Trabalho


Título

ESCLERA EXPOSTA SECUNDÁRIA À BLEBITE: conduta expectante ou recobrimento conjuntival?

Objetivo

Discutir uma conduta expectante de esclera exposta secundária à blebite.

Relato do caso

Feminino, 66 anos, foi submetida à cirurgia de facoemulsificação e trabeculectomia com mitomicina no olho direito (OD), sem intercorrências. No oitavo dia de pós operatório (DPO), queixava-se de dor ocular e ao exame oftalmológico observou-se edema palpebral, quemose, hiperemia ocular, bolha de aspecto fosco e ausência de hipópio. Iniciado quinolona de quarta geração e corticoide tópicos e ciprofloxacino oral para tratamento de blebite. No 14º DPO a paciente estava sem queixas, porém, a bolha apresentava um aspecto opaco e purulento. No 30º DPO a paciente foi submetida à drenagem e retirada da bolha. No ato cirúrgico observou-se as estruturas adjacentes friáveis, espessas e hiperemiadas e optou-se por manter a esclera nua, sem a realização de recobrimento conjuntival. Ela permaneceu com esclera exposta por dois meses, período em que a PIO manteve-se ao redor de 10 mmHg. Foi mantido o tratamento tópico e acompanhado a granulação do sítio cirúrgico. Três meses após a cirurgia foi realizado um auto-transplante conjuntival protegendo a área exposta. A tomografia de coerência óptica sequencial demonstrou a presença de cistos subconjuntivais, com a formação de bolha transparente e funcionante. Mesmo após um ano, não houve Siedel, a bolha manteve funcionante e a PIO ao redor de 10 mmHg.

Discussão

As infecções relacionadas à bolha podem ser divididas em dois subgrupos: formas localizadas de infiltrado mucopurulento limitadas à bolha filtrante (Blebite) ou uma infecção que envolve todo o olho (Endoftalmite). Neste último caso observamos hipópio e células no vítreo anterior. Sabe-se que o uso de antimetabólitos, como a mitomicina, aumentam o risco de criar uma bolha cística avascular mais susceptível à infecção. Não há consenso sobre o manejo de blebite. Sugere-se o início rápido de antibióticos tópicos e orais e o monitoramento diário para avaliar a bolha, a câmara anterior e a face vítrea anterior. Estudos descobriram que, uma vez que você teve um episódio de blebite, o risco de ter um segundo episódio é muito maior. Por isso, a maioria dos cirurgiões realiza uma revisão da bolha após o término da infecção. As intervenções cirúrgicas consistem na retirada da bolha seguida do avanço conjuntival ou na falha intencional da bolha seguida do implante de um tubo. Não foram encontrados dados na literatura que sugerissem uma conduta expectante com esclera exposta e sem prejuízo para a cirurgia fistulizante.

Área

Geral

Autores

JULIA CARVALHO BARBOSA, DANIEL PINHO BOTELHO, SENICE ALVARENGA RODRIGUES SILVA, FABIO NISHIMURA KANADANI