Dados do Trabalho


Título

VARIZE DE VEIA VORTICOSA SIMULANDO PEQUENO MELANOMA DE COROIDE

Objetivo

Relatar um caso de uma paciente com varizes de vorticosa que foi encaminhada ao serviço de Oncologia Ocular com o diagnóstico de pequeno melanoma de coroide.

Relato do caso

Feminino, 42 anos, encaminhada ao serviço de Oncologia Ocular para avaliação de lesão tumoral observada ao exame fundoscópico. Ao exame oftalmológico, apresentava acuidade visual 20/20 (Snelen) em ambos os olhos e biomicroscopia sem alterações. Mapeamento de retina revelou uma lesão bem delimitada, elevada na região da vorticosa do olho direito (OD). No entanto, notou-se que tal lesão era vista quando o paciente estava em supradução e desaparecia nas outras posições do olhar. Além disso, quando o olho era comprimido, a lesão desaparecia. O diagnóstico de varize de veia vorticosa foi realizado pela oftalmoscopia indireta e afastada a possibilidade de lesão tumoral. Foram realizadas retinografia e ultrassonografia oculares para documentação do achado.

Discussão

A dilatação e o abaulamento das veias vorticosas são alterações do tecido vascular da coróide que, se alteradas de forma expressiva, podem ser chamadas varizes de vorticosa e simular patologias. Essa entidade é rara, benigna e assintomática. Os principais diagnósticos diferenciais são com os melanomas de coróide, tumor intra-ocular primário de maior prevalência, e com hemorragia subretiniana. A etiologia dessa alteração ainda não está bem estabelecida, entretanto o desvio do trajeto da veia em sua na porção extra-escleral, o estreitamento do canal por onde ela passa e o aumento da pressão intravenosa, como acontece na manobra de Valsalva, podem estar relacionados a essa dilatação. Além disso, a obstrução parcial da veia vorticosa pelo músculo oblíquo superior ou inferior também pode levar à formação de varizes. A natureza dinâmica da vorticosa é útil durante o exame para diferenciá-la do melanoma de coróide. À fundoscopia indireta é possível perceber que a lesão torna-se mais proeminente quando o paciente move o olhar na direção da variz, e torna-se menos proeminente com o olho na direção primária do olhar. Além disso, pode-se aplicar uma pressão manual ao globo ocular, exercendo um efeito de drenagem e fazendo com que a lesão se torne menos evidente ou até desapareça. É importante diferenciarmos as varizes de vorticosa do melanoma de coroide para evitar tratamentos médicos desnecessários e poupar a ansiedade dos pacientes.



Área

Geral

Autores

JULIA CARVALHO BARBOSA, SENICE ALVARENGA RODRIGUES SILVA, DANIEL PINHO BOTELHO, FABIO BORGES NOGUEIRA, VIRGINIA MARES DINIZ COUTO