Infiltração da retina e nervo óptico em doenças linfoproliferativas
Caracterizar 4 casos de pacientes com doenças linfoproliferativas, evoluindo com infiltração da retina e do nervo óptico (NO).
Caso 1: Homem, de 29 anos, com leucemia linfocítica aguda (LLA) de células T, evoluindo com baixa de visão bilateral após quimioterapia (QT). Fundoscopia revelou infiltração nos NO, tratada com pulsoterapia com corticoide e QT com melhora da AV no olho esquerdo (OE). Evoluiu com piora da AV no OE dois meses mais tarde, já em preparo para transplante de medula. À época, já não tinha visão no OD, que mostrava atrofia difusa da retina e NO. No OE, havia infiltração do disco óptico, com significativa tortuosidade vascular. Avaliação de imagem e líquor excluiu recidiva encefálica. Ainda assim, submeteu-se a QT intraocular com metotrexato (MTX) e nova pulsoterapia com corticoide, com regressão do quadro, mas evoluindo para atrofia óptica e retiniana, após transplante de medula.
Caso 2: Mulher de 35 anos, com diagnóstico de LLA-pré B, apresentando baixa de AV no OE durante a QT. A AV era de 20/20 no OD e 20/50 no OE. À fundoscopia, notou-se infiltração do NO esquerdo, mas sem acometimento encefálico aos exames de imagem e do líquor. Foi submetida a tratamento sistêmico, intratecal e intravítreo (MTX), com regressão da lesão. Meses, mais tarde, houve recidiva do quadro, agora acometendo ambos os olhos, sendo optado por MTX intravítreo, com boa evolução.
Caso 3: Adolescente de 13 anos, com diagnóstico de leucemia mieloide aguda M5, com QT finalizada há cerca de um ano. Teve piora da AV e estrabismo de início súbito, submetendo-se a exames de imagem que mostraram lesão de SNC acometendo ápice da órbita direita. À fundoscopia, notava-se edema de NO, lesão amarelada subretiniana e hemorragias retinianas nos 4 quadrantes. Como proposta terapêutica faria radioterapia e nova QT.
Caso 4: Homem de 62 anos, com quadro de baixa AV no OE com meses de evolução. Ao exame, constatava-se infiltração do NO e espaço subretiniano no polo posterior. Exame de imagem do encéfalo não mostraram alterações. Submeteu-se então a biópsias vítrea e coriorretiniana, esta última definindo o diagnóstico de linfoma primário vítreo retiniano (difuso de grandes células B). Recebeu QT sistêmica e MTX/rituximabe intravítreo, com regressão da lesão, mas evoluindo com atrofia óptica.
Infiltração de doenças linfoproliferativas no NO/retina são raras, com tratamento variando de acordo com o quadro clínico e prognostico visual reservado.
Geral
Júlia Nogueira Marx Gonzaga, Helena Hollanda Santos, Danuza O Machado Azevedo, Edmundo Almeida, Daniel V Vasconcelos-Santos, Andrea Laender Pessoa Mendonça