Dados do Trabalho


Título

Neovascularização de túnel após 20 anos de implante de anel intraestromal - relato de caso

Objetivo

Demonstrar a importância da avaliação periódica de pacientes com ceratocone tratados com implante de anel intraestromal, destacando possíveis complicações que podem ocorrer tardiamente ao procedimento e discutir a conduta em casos de neovascularização do túnel do anel.

Relato do caso

Paciente de 47 anos, sexo feminino, hígida, com diagnóstico prévio de retinose pigmentar há 10 anos e ceratocone há 25 anos. Realizou cirurgia de implante de dois segmentos de anel intraestromal no olho direito (OD) há 20 anos, com remoção de um deles há 2 anos devido à extrusão. Acuidade visual de 20/200 em ambos os olhos. À biomicroscopia, revelou no OD anel intraestromal com arco temporal superficial e haze na topografia do anel removido, presença de neovasos nos dois túneis e, no olho esquerdo, anel intraestromal de 355 graus de arco, em bom aspecto. Realizado topografia de córnea que demonstrou no OD área de aplanamento temporal, com aumento de curvatura acentuada em região nasal superior. Tomografia de coerência óptica de segmento anterior do OD com afinamento corneano e anel superficial, principalmente na sua extremidade superior. Realizou-se a retirada do segmento do anel do OD e fotocoagulação dos neovasos corneanos.

Discussão

O segmento de anel intraestromal têm como objetivo regularizar a curvatura corneana, visando a redução da irregularidade das córneas ectásicas. Estudos demonstram que é um método seguro e efetivo, com bons resultados visuais e topográficos, principalmente nos casos não avançados de ectasia. Entre suas principais complicações estão: deslocamento do segmento do anel intraestromal, extrusão, posicionamento assimétrico, ceratite infecciosa, hidropsia aguda, depósitos no interior do túnel estromal, além dos sintomas visuais como halos e glare. Embora rara, a vascularização profunda do túnel do anel é uma das complicações possíveis. É necessário abordagem para a regressão dos neovasos, por vezes sendo indicado a remoção do segmento afetado e a fotocoagulação dos neovasos. Apesar de o implante do anel ser um procedimento seguro e eficaz, complicações podem existir em qualquer tempo pós cirúrgico, sendo necessário acompanhamento contínuo, a fim de detectá-las precocemente.

Área

Geral

Instituições

Instituto de Olhos Ciências Médicas - Minas Gerais - Brasil

Autores

Joana Versiani Chiabi de Queiroz, Carolina Serpa Braga, Larissa Fouad Ibrahim, Paula Letícia Cardoso Ledesma, Glauber Coutinho Eliazar, Bruno Lovaglio Cançado Trindade