Dados do Trabalho


Título

Ceratite Ulcerativa Periférica

Objetivo

Relatar o caso de um paciente referenciado ao Hospital São Geraldo com diagnóstico inicial de ceratite infecciosa, cujo diagnóstico final foi alterado para Ceratite Ulcerativa Periférica (Peripheral Ulcerative Keratitis - PUK).

Relato do caso

L.A.F.O., 67 anos, sexo masculino, atendido no setor de Urgência do Hospital São Geraldo em 07/09/2018. Relatava dor e hiperemia em olho direito (OD) haviam 3 dias. Consultou oftalmologista particular, que diagnosticou úlcera corneana e esclerite, prescreveu colírio Moxifloxacino e Naproxeno via oral e o encaminhou ao HSG para melhor acompanhamento da esclerite. História pregressa de Artrite Reumatóide, Diabetes Mellitus, Hipertensão Arterial Sistêmica, além de episódios de esclerite anterior em OD de repetição. Não usava, no momento, medicação imunossupressora. Ao exame, a acuidade visual era de “Conta dedos a 2 metros” em OD e 20/40 em OE. Biomicroscopia de OD evidenciou hiperemia conjuntival 3+/4+, opacidade corneana perilímbica inferior, com afinamento e infiltração estromal, defeito epitelial em forma de crescente e neovasos perilesionais, além de esclera azul-acinzentada. Em OE conjuntiva calma e córnea transparente. Fundoscopia sem alterações. Diante do caso, foi levantada a hipótese diagnóstica de PUK. Mantida a prescrição de Moxifloxacino e Naproxeno e acrescentado colírio de dexametasona 0,1%. Paciente evoluiu com melhora progressiva da lesão, razão pela qual foi optado pela não prescrição inicial de corticosteróide sistêmico. Foi referenciado à Reumatologista assistente para melhor controle da doença de base.

Discussão

A Ceratite Ulcerativa Periférica é um tipo de ulceração corneana em formato de crescente, perilímbica, caracterizada por afinamento estromal setorial e defeito epitelial sobrejacente. Podem estar presentes inflamação conjuntival, episclerite e esclerite. Doenças auto-imunes, como Artrite Reumatóide ou Granulomatose de Wegener estão amplamente associadas à PUK. É um importante diagnóstico diferencial a ser considerado nas ceratites periféricas, podendo preceder ou suceder patologia autoimune. Em alguns casos, medicação tópica como corticosteróides ou antibióticos, são eficazes no tratamento da ceratite, no entanto, não alteram as taxas de mortalidade ou recidivas. Imunossupressão sistêmica é frequentemente necessária para o controle da inflamação ocular e para prevenir complicações, como perfuração corneana e perda visual, que são associadas a uma maior mortalidade.

Área

Geral

Autores

Carolina Maciel Oliveira, Ludmilla Daylê Rodrigues Lacerda, Samuel Milanez Carvalho, Rodrigo Magno da Silva Oliveira