Dados do Trabalho


Título

MEMBRANA NEOVASCULAR SUBRRETINIANA: RARA COMPLICAÇÃO DOS NEVUS DE CORÓIDE - UM RELATO DE CASO

Objetivo

Relatar um caso de um paciente com membrana neovascular subretiniana (MNVSR) secundária a nevus de coróide macular.

Relato do caso

Masculino, 77 anos, leucodermo, apresentou queixa de baixa acuidade visual (AV) progressiva no olho esquerdo (OE) em 2013. Ao exame: AV com a melhor correção de 20/20 no olho direito e 20/30 no OE. Sem alterações à biomicroscopia de ambos os olhos (AO). À fundoscopia: lesão macular sugestiva de MNVSR no OE, primariamente atribuída à doença macular relacionada à idade. À tomografia de coerência óptica (OCT) do OE: área sugestiva de MNVSR com sinais de atividade, descolamento seroso do epitélio pigmentar retiniano (EPR) e edema subrretiniano com espessura macular de 352 micra. Foram realizadas 3 injeções intravítreas de Ranibizumabe no OE e novo OCT demonstrou lesão hiperreflectiva sugerindo fibrose da MNVSR, sem sinais de atividade. O paciente foi acompanhado mantendo AV de 20/20 AO e fundoscopia com área cicatricial macular sem sinais de atividade. Após 5 anos de seguimento, novo OCT mostrou lesão macular hiperreflectiva densa, contínua, com sombreamento, na camada coriocapilar, medindo 2308 x 2330 micra na região macular nasal superior, sugestiva de nevo de coroide macular, associado a imagem hiperrreflectiva heterogênea subrretiniana justafoveal compatível com MNVSR, líquido subrretiniano e descolamento do EPR. A ultrassonografia no modo B não demonstrou elevação da lesão. No exame de OCT-A (Angiography) foi vista alterações vasculares sugestivas de MNVSR, o que corrobora o diagnóstico de nevo de coroide macular e MNVSR associada.

Discussão

Nevus de coróide são lesões benignas comumente encontradas em exames oftalmológicos de rotina, com prevalência de cerca de 6% em adultos brancos nos Estados Unidos. Geralmente assintomática, a baixa acuidade visual pode ocorrer caso haja alguma complicação, como formação de MNVSR, degeneração de fotorreceptores e descolamento seroso macular. Há poucos casos relatados na literatura sobre MNVSR associada a nevus de coróide, já que é uma complicação descrita em apenas cerca de 0,5 a 0,9% dos casos. Pode ser considerada um indicador relativo da natureza benigna da tumoração coroidiana. A maioria destas lesões encontra-se em regiões extrafoveais, sendo acessíveis à fotocoagulação a laser. No caso de lesões justa e subfoveais, como no descrito acima, injeções intravítreas de antiangiogênico ou terapia fotodinâmica podem ser utilizadas isoladamente ou combinadas como alternativa terapêutica.

Área

Geral

Instituições

Instituto de Olhos Ciências Médicas - Minas Gerais - Brasil

Autores

Frederico de Miranda Cordeiro, Senice Alvarenga Rodrigues Silva, Júlia Carvalho Barbosa, Eduardo Mick Härter, Fábio Borges Nogueira