Dados do Trabalho

Título

Modelo experimental de esquistossomose mansônica: achados oculares

Objetivo

A esquistossomose é um problema de saúde pública, afetando mais de 200 milhões de pessoas no mundo, especialmente na África, Ásia e América do Sul. Olhos e anexos são raramente afetados pelo Schistossoma mansoni e o conhecimento da doença ocular neste cenário ainda é limitado. Modelos animais podem ser um instrumento para o melhor entendimento da patogênese desta doença fascinante. Este trabalho tem como objetivo descrever achados oculares em camundongos infectados experimentalmente com cercárias de S. mansoni.

Métodos

Foram estudados 50 camundongos machos (Mus musculus-Swiss Webster), pesando entre 18 e 20 gramas. 25 foram infectados com 50 cepas de cercária por via subcutânea, permanecendo 25 animais com controles negativos (não infectados). Os animais foram acompanhados por até 160 dias após a infecção. A eutanásia foi realizada nos dias 88, 97 e 109 após a infecção à medida que foram surgindo sintomas neurológicos. Depois de confirmadas as mortes, os animais foram decapitados e todas as cabeças foram descalcificadas, fixadas em formol 10% e processadas para se obter cortes seriados em parafina. Estudos histológicos foram realizados, buscando por ovos de S. mansoni, granulomas e lesões inflamatórias.

Resultados

Além do acometimento encefálico (neuroesquistossomose), foi possível reproduzir com sucesso a infecção ocular/periocular da esquistossomose mansônica em 3 dos 25 camundongos infectados (12%), com granulomas/ovos localizados na conjuntiva bulbar, glândula lacrimal, esclera e coróide.

Conclusões

Esse estudo demonstrou a presença de granulomas no encéfalo e região ocular/periocular de camundongos infectados, sendo a primeira caracterização de acometimento ocular inequívoco em modelo experimental de esquistossomose mansônica. Pela localização das lesões encontradas, é provável a ausência de sintomas, a exemplo do observado em humanos.