Telangiectasia Macular (MacTel) do Tipo 2: Relato de Caso
Relatar um caso de Telangiectasias Maculares (MacTel) tipo 2 cursando com baixa acuidade visual (AV).
Paciente do sexo feminino, 54 anos, hipertensa, com queixa de baixa AV há 4 anos. Apresentou AV (Snellen) de 20/70 e mobilização de pigmento perifoveal à fundoscopia em ambos os olhos (AO). Solicitada angiografia fluorescente (AGF) que constatou telangiectasias perimaculares, além de hiperfluorescência difusa tardia em AO. Tomografia de coerência óptica (OCT) mostrou lesão hiperreflectiva nas camadas internas da retina, sugestiva de mobilização de pigmento com sombreamento posterior, ondulações ao nível da camada nuclear externa, desorganização da membrana limitante interna, zona elipsoide e epitélio pigmentar retiniano em AO. A espessura macular central era de 251 micra no olho direito (OD) e 268 micra no olho esquerdo (OE).
MacTel são anormalidades capilares pouco conhecidas da mácula central associadas a alterações das camadas retinianas externas, com prevalência de 0,1% acima dos 40 anos. Existem 3 tipos de MacTel, sendo o tipo 2 a forma mais comum. Possui etiologia desconhecida, possivelmente relacionada a avanço da idade, diabetes mellitus (DM) e hipertensão arterial sistêmica (HAS), por estresse vascular de longa data. Apesar de normalmente não causar amaurose, MacTel tipo 2 é uma condição adquirida, que acomete AO, de modo assimétrico e com alterações características da rede capilar macular e das camadas retinianas, afetando a visão central, podendo resultar em cegueira legal.
A histopatologia do MacTel tipo 2 demonstra disfunção dos pericitos e ectasia vascular, com consequente exsudação, hemorragia e distorção das camadas retinianas perifoveais, podendo resultar em buracos maculares. Cronicamente, tecido cicatricial pode-se formar na região da mácula central, resultando em baixa visão central. Nenhum tratamento previne sua progressão, mas alguns autores advogam o controle do DM e da HAS como prevenção primária da doença, além do uso de anti-VEGF nos casos de neovascularização subretiniana. O diagnóstico diferencial com oclusão de ramo venoso da retina e com retinopatia diabética pode ser muitas vezes difícil, principalmente se associado a neovascularização. No entanto, o oftalmologista experiente deverá atentar-se aos sintomas iniciais como baixa AV, escotoma e metamorfopsia, correlacionando com os achados da AGF e OCT para realizar o mais precoce e corretamente o diagnóstico.
Geral
Débora Faleiros Leite, Frederico Miranda Cordeiro, Aline Vilani da Silva Rezende, Senice Alvarenga Rodrigues Silva, Larissa Fouad Ibrahim, Héctor Nery Pineda Corrêa