Inovadora técnica de tratamento cirúrgico da Hidropsia Corneana Aguda
Avaliar a eficácia de uma modalidade de tratamento cirúrgico inovadora da hidropsia corneana aguda (HCA) e comparar com o tratamento clínico tradicional descrito na literatura.
Abordagem cirúrgica de paciente com HCA sem melhora após tratamento clínico. A técnica consistiu em anestesia com cloridrato de proximetacaína tópico; paracentese e injeção de ar na câmara anterior sob alta pressão; realizadas quatro incisões corneanas fora do eixo visual, em direção e até atingir a bolha sob orientação prévia por OCT; mantido o paciente em posição supina por 10 minutos e finalizado com posterior remoção parcial do ar injetado para evitar hipertensão ocular. Mantidos os colírios hiperosmótico e hipotensor, foi acompanhado com OCT e exame clínico para avaliar o tempo de resolução do edema corneano, reposicionamento da membrana de Descemet (MD) e melhora da acuidade visual (AV).
A nova abordagem cirúrgica foi utilizada em paciente de idade escolar, com ceratocone prévio e HCA, AV do olho afetado de movimento de mãos, após 30 dias de tratamento clínico, sem melhora. OCT pré operatória registrou 2100 micra de espessura corneana central e 1100 micra no terceiro dia pós-operatório (DPO), com melhora parcial da opacidade corneana, MD parcialmente aderida e AV de conta dedos (CD) junto ao rosto. No décimo DPO, AV de CD a 50cm, espessura de 1050 micra e córnea ainda opaca. No trigésimo DPO, mantinha AV e opacidade corneana, com córnea de 900 micra e sem bolha à OCT. No sexagésimo DPO houve melhora quase total da opacidade corneana, sendo realizado teste de lente de contato rígida (modelo Mediphacos Rose K2) alcançando AV de 20/80 e OCT com espessura corneana de 700 micra. Paciente satisfeito com resultado, segue em acompanhamento.
A HCA é caracterizada por ruptura da MD com infiltração do humor aquoso no estroma corneano. A duração do quadro varia de 5 a 36 semanas, mas a presença de grandes descolamentos da MD pode atrasar a resolução. Comumente os pacientes evoluem com melhora lenta e permanecem com cicatrizes, achatamento e, por vezes, vascularização corneana. Quase 60% dos casos requerem ceratoplastia penetrante posterior para reabilitação visual. Ressalta-se que evoluções lentas reduzem a qualidade de vida, dificultam a adesão ao tratamento e aumentam o risco de prognósticos desfavoráveis. Portanto, apesar de não existir um comparativo estatístico, o procedimento cirúrgico apresenta-se como uma boa alternativa ao tratamento clínico, de resultados precoces e satisfatórios.
Geral
Instituto de Olhos Ciências Médicas - Minas Gerais - Brasil
CAROLINA SERPA BRAGA, Guilherme Malta Pio, Anna Flávia Ribeiro Pereira, Francisco Higor Ribeiro Rodrigues, Christiano Scholte , Marcos Pereira Vianello, Frederico Bicalho Dias da Silva