Dados do Trabalho


Título

COROIDOPATIA EM PACIENTE COM NEFROPATIA LÚPICA: ATIVIDADE DA DOENÇA OU PARAEFEITO DO TRATAMENTO?

Objetivo

Descrever diagnóstico, tratamento e evolução de paciente com nefropatia lúpica, evoluindo com coroidopatia, apesar do tratamento instituído.

Relato do caso

Trata-se de mulher de 28 anos, com queixa de baixa da acuidade visual (AV) e metamorfopsia em ambos os olhos (AO), com 1 mês de evolução. Estava em acompanhamento de lúpus eritematoso sistêmico (LES) há 13 anos, tratado com micofenolato de mofetila (MFM) e corticosteroide oral, mas complicado recentemente por nefrite lúpica, após quadro súbito de hipertensão arterial e edema de membros inferiores. Diante da gravidade do quadro e da descompensação do LES, a paciente foi encaminhada com urgência para pulsoterapia de metilprednisolona e ciclofosfamida, segundo o protocolo da reumatologia.
À admissão na oftalmologia queixava-se de metamorfopsia. Já havia recebido um ciclo da pulsoterapia e estava em uso de prednisona oral (40mg/dia) e MFM (2g/dia). Ao exame oftalmológico apresentava os seguintes achados: AV de 20/20 em ambos os olhos com melhor correção, biomicroscopia sem alterações em AO e pressão intra-ocular (PIO) de 15 mmHg em AO. À fundoscopia, observavam-se lesões branco-amarelados, aparentemente de localização coroideana, além de múltiplos focos de descolamento seroso da retina, no polo posterior de AO. Angiofluoresceínografia (AFG) mostrou hiperfluorescência multifocal por vazamento, compatível com coroidopatia lúpica. Manteve-se o tratamento com metilprednisolona e ciclofosfamida, mas diante da estabilidade do quadro, reavaliação tomográfica revelou paquicoroide, sugestiva de retinopatia serosa central, supostamente induzida pelo corticoide. Assim, manteve-se apenas o pulso de ciclofosfamida e MFM oral, com subseqüente melhora da metamorfopsia e resolução do DR macular.

Discussão

Lúpus eritematoso sistêmico é uma doença autoimune grave, caracterizada pela produção de autoanticorpos. O reconhecimento precoce do acometimento ocular, e a determinação da sua fisiopatologia, como no caso relatado, é essencial tanto para prevenção da perda visual, quanto para a instituição diligente de terapia sistêmica, ou mesmo sua modificação, visando a diminuição da morbimortalidade.

Área

Geral

Instituições

HOSPITAL SÃO GERALDO - Minas Gerais - Brasil

Autores

Luiz Roberto Andrade Filho, Danuza Oliveira Machado Azevedo, Rosa Weiss Telles, Cristina Costa Duarte Lanna, Daniel Vítor Vasconcelos-Santos, Júlia Nogueira Marx Gonzaga