Encarceramento do músculo reto inferior após fratura orbitária em paciente pediátrico: Relato de Caso
Relatar um caso clínico de encarceramento de músculo reto inferior após fratura de assoalho da órbita, em paciente pediátrico.
Paciente de 4 anos, sexo masculino, previamente hígido, foi vítima de trauma contuso devido a colisão face-face durante atividade escolar, sem relato de perda de consciência, nega náuseas ou vômitos. Admitido um dia após o trauma, com queixa de dor ocular à direita e diminuição da acuidade visual. Ao exame apresentava paresia no olhar para cima em olho direito. A tomografia computadorizada (TC) evidenciou fratura linear do assoalho da órbita direita adjacente à fissura orbitária inferior, com estreitamento e encarceramento do músculo reto inferior. O paciente foi submetido à correção cirúrgica do assoalho da órbita direita, com colocação de tela de titânio e fixação. Evoluiu com melhora do quadro clínico, sem déficits de mobilidade ocular bilateral ou diplopia.
As fraturas orbitárias são comuns em adultos jovens, porém raras na infância. As do tipo "Blow-out" acometem áreas de maior fragilidade orbitária: o assoalho, em sua porção medial ao canal infra-orbitário, e/ou a lâmina papirácea do etmóide, na parede medial. Clinicamente apresentam equimose periorbitária, limitação de movimentos, diplopia e enoftalmia. A avaliação dos ossos da face, pálpebras e tecidos moles, inspeção do globo ocular e teste de acuidade visual, são descritos devido à possibilidade de encarceramento mecânico de partes moles e dos músculos reto inferior ou oblíquo. Dentre os exames de imagem a TC é o exame que melhor auxilia na definição terapêutica para essa fratura. O tratamento deve ser realizado através da reconstrução das paredes orbitárias fraturadas com biomateriais ou materiais aloplásticos, como as telas de titânio. O reconhecimento da fratura orbitária e encarceramento recebem tratamento de urgência na infância, visando à redução da diplopia e acuidade visual. Diante do caso apresentado fica evidente a importância da realização da anamnese, com atenção ao mecanismo de trauma e exame físico detalhado, além do exame de imagem, fundamental na confirmação diagnóstica e planejamento cirúrgico. As telas de titânio estão entre os materiais aloplásticos mais utilizados e apresentam vantagem por sua facilidade de adaptação às paredes orbitárias, dando suporte ao globo ocular e restabelecendo o contorno das paredes orbitárias. A avaliação clínica criteriosa associada ao diagnóstico de imagem são fundamentais para a condução da fratura de órbita na pediatria.
Geral
Hospital João XXIII - Minas Gerais - Brasil, PUC Minas - Minas Gerais - Brasil, UniBH - Minas Gerais - Brasil
Lorena DAnunciacao Silva, Eduarda Paes Fontoura Alves dos Santos, Vanessa Souza Pinto, Paula Lassi Beduin, Iara Cristina Amaral Magalhães