Relato de Caso: Rubéola Congênita
Relatar um caso de síndrome da rubéola congênita (SRC), discutindo suas características para facilitar o diagnóstico precoce. Ademais, o trabalho visa ressaltar a importância de se conhecer tal síndrome e estimular a profilaxia primária.
Paciente feminina, 20 anos, hígida, compareceu à consulta oftalmológica com queixa de baixa acuidade visual (AV) desde a infância. Relatava também hipoacusia desde os primeiros anos de vida. Ao exame oftalmológico sua AV (Snellen) era de 20/20 no olho direito (OD) e 20/70 no olho esquerdo (OE). A biomicroscopia do OD não apresentou alterações e, no OE observou-se depósito de pigmento em cápsula anterior do cristalino. O mapeamento de retina evidenciou em ambos os olhos (AO): brilho macular alterado, com áreas de hiperpigmentação e áreas de hipopigmentação do epitélio pigmentar retiniano (EPR). Angiografia fluorescente (AGF) apresentou hiperfluorescência em pólo posterior em AO, compatível com atrofia do EPR. A tomografia de coerência óptica mostrou leve rarefação da camada correspondente à junção SI/SE dos fotorreceptores no OD. No OE havia alteração do contorno foveal, irregularidade do complexo EPR-membrana de bruch-coriocapilar, com lesão hiperrefletiva sub-foveal e sombreamento da coróide subjacente, além desorganização da retina neurossensorial. O eletrorretinograma (ERG) de campo total demonstrou comprometimento funcional leve de fotorreceptores em AO, mais acentuado no OE. Evidenciou-se uma resposta máxima combinada de onda a (fotorreceptores) e b (retina interna) de amplitude reduzida e tempo implícito aumentado, mais acentuadas no OE. Índice de Arden alterado em ambos os olhos. Revisão laboratorial sem alterações, exceto por sorologia para Rubéola, que teve IgG reagente.
Importante causa de cegueira em países em desenvolvimento, a SRC caracteriza-se por achados como catarata congênita, microftalmia, lesões no sistema nervoso central, retinopatia, surdez e malformações cardíacas. 75% dos casos têm acometimento ocular. A AV geralmente varia entre 20/60 a 20/200 no pior olho e 20/30 a 20/40 no olho de melhor visão. A retinopatia descrita como “em sal e pimenta”, é bilateral em 80% dos casos e acomete igualmente ambos os sexos. O diagnóstico baseia-se nos achados clínicos e testes sorológicos. A AGF pode ser útil na detecção precoce da neovascularização de coróide, que sugere pior prognóstico visual. Estimular a vacinação anti-rubéola pode prevenir a infecção materna e a subseqüente doença fetal.
Geral
Brenda Bhering Andrade, Ana Luisa Souto Gandra, Ana Luísa Rodrigues da Silveira, Larissa Fouad Ibrahim, Larissa Lima Magalhães