Dados do Trabalho

Título

DESAFIO TERAPÊUTICO EM EXPOSIÇÃO OCULAR GRAVE SECUNDÁRIA A CRANIOSSINOSTOSE EM NEONATO

Objetivo

Descrever caso de grave anomalia com exposição ocular e ulceras de repetição, discutindo alternativas terapêuticas e limites no cuidado em um hospital geral.

Relato do caso

E.S.A, neonata, apresenta craniossinostose com braquicefalia, turrecefalia, ausência de septo nasal, fossas orbitárias rasas com exposição de cerca de 80% do globo ocular e retração palpebral, impossibilitando a oclusão para proteção e lubrificação dos olhos. Inicialmente o neonato não apresentava condições clínicas para abordagem cirúrgica sendo necessária manutenção do cuidado ocular em câmara úmida alternativa, confeccionada pela equipe, devido à ausência de equipamento com tal finalidade no serviço. Em segundo momento foi realizada cantoplastia com tarsorrafia bilateral sob anestesia geral em procedimento combinado com a cirurgia geral. Houve recidiva da exposição corneana com deiscência da tarsorrafia à esquerda, mantido cuidado com oclusão ocular mecânica.

Discussão

As craniossinostoses são ossificações prematuras da calvária e podem acometer variadas suturas, isoladas ou em associação, apresentando múltiplas consequências funcionais com graus variados de gravidade. As mal formações orbitárias podem estar presentes ao nascimento nas formas graves, mas usualmente se desenvolvem nos primeiros anos de vida. O presente caso representa um tipo grave de craniossinostose com turrecefalia, mal formação orbitária e exposição ocular importante com risco de perfuração e cegueira. As limitações clínicas da paciente, associadas à dificuldade na aquisição de insumos por questões sociais, determinaram verdadeiro desafio terapêutico para a equipe a fim de tentar preservar o globo ocular com o mínimo possível de danos. Tais casos, apesar de raros, necessitam de grande envolvimento da equipe e da família, muitas vezes com necessária criatividade para reformulação em tempo hábil da evolução desfavorável do quadro clínico.