DOENÇA DE VOGT-KOYANAGI-HARADA ASSOCIADA A HIPERTENSÃO INTRACRANIANA IDIOPÁTICA: UM RELATO DE CASO
Relatar caso de doença de Vogt-Koyanagi-Harada associada a hipertensão intracraniana idiopática em paciente jovem, admitida no setor de urgência oftalmológica do Hospital São Geraldo - anexo HC/UFMG.
Paciente do sexo feminino, 23 anos, leucoderma, procedente de Belo Horizonte, obesa, apresentou-se no setor de urgência do Hospital São Geraldo, com queixa de cefaleia holocraniana pulsátil e intensa, resistente ao uso de analgésicos orais, com 1 mês de duração, associada a baixa acuidade visual nos últimos 15 dias. Ao exame de admissão, apresentava redução da acuidade visual (OD: 20/80 e OE: 20/100), uveíte anterior, edema de papila, tortuosidade vascular e pregueamento macular em ambos os olhos. ECO-B mostrava espessamento de coroide e esclera, com aumento do espaço subaracnóideo bilateral. Foi encaminhada ao pronto-atendimento da Neurologia do HC/UMFG, onde foram feitas TC de crânio sem contraste, que se apresentou normal, e punção lombar, com aumento da pressão de abertura. Realizada internação hospitalar, foi iniciado tratamento com prednisona 100mg/d, topiramato 50mg/d e acetazolamida 1g/d orais. A partir do 10º dia de internação, iniciou pulsoterapia com 1g de metilprednisolona endovenosa por 3 dias. Paciente relatou melhora significativa da acuidade visual (OD: 20/20 e OE: 20/20) e cefaleia. Recebeu alta após 14 dias de internação, com diagnóstico de doença de Vogt-Koyanagi-Harada associada a Hipertensão Intracraniana Idiopática, em uso de prednisona 80mg/d, topiramato 50mg/d e acetazolamida 1g/d orais, mantendo acompanhamento ambulatorial.
A relevância do quadro consiste em se tratar de uma associação de dois diagnósticos distintos, presentes no exame de admissão. A Doença de Vogt-Koyanagi-Harada é uma doença de provável etiologia autoimune, multissistêmica, rara, que causa inflamação e destruição dos melanócitos em diversos tecidos, dentre eles, a úvea. A Hipertensão Intracraniana Idiopática causa elevação da pressão intracraniana, sem massas ou hidrocefalia, levando a cefaleias generalizadas e cursando com papiledema, na maioria das vezes bilateral. Ambas afecções explicam a piora importante da acuidade visual apresentada pela paciente. No tratamento, além do uso de medicamentos, é importante a avaliação global do paciente e abordagem multidisciplinar oftalmológica e neurológica.
Geral
Thais Nascimento Viana Penna Souza, Gisele Schelgshorn Campos, Bárbara Guimarães Lisboa Lima, Carolina Maciel de Oliveira, Ludmilla Daylê Rodrigues Lacerda, Samuel Milanez de Carvalho