Dados do Trabalho


Título

Síndrome de Posner-Schlossman: Relato de caso

Objetivo

Descrever um caso da Síndrome de Posner-Schlossman (SPS) acompanhado ambulatorialmente por cerca de 2 anos.

Relato do caso

Paciente 52 anos, sexo masculino, branco, encaminhado em novembro de 2016 referindo o quadro de "crises de glaucoma no olho direito há cerca de 5 anos". Relata episódios prévios de dor ocular, embaçamento visual e visão de halos coloridos em olho direito (OD). Último episódio em agosto de 2016, com pressão intraocular (PIO) de 45 mmHg em OD. Estava em uso de acetazolamida 250 mg de 8/8 horas, por via oral (VO), maleato de timolol 0,5% 2x/dia, latanoprosta 0,05% 1x/dia, e acetato de prednisolona 1% de 4/4 horas, uso tópico no OD. Antecedentes individuais ou familiares irrelevantes. Ao exame, acuidade visual (AV) de 20/20 em ambos os olhos (AO), PIO de 20/12 mmHg. Biomicroscopia em OD: hiperemia conjuntival e edema corneano +/4+, leve midríase com reflexos presentes, câmara anterior ampla, flare raro e precipitados ceráticos (PK) no terço inferior da córnea e cristalino transparente. OE sem alterações. Gonioscopia: ângulo aberto 360o em AO. Diagnosticado com SPS e instituído o tratamento tópico com latanoprosta 0,05% 1x/dia, cloridrato de dorzolamida 2% 2x/dia, cetorolaco trometamol 0,5% 5x/dia e tropicamida 1% 3x/dia, apenas em OD. Após reavaliação em 2 semanas, ausência de flare, PK e PIO de 11 mmHg, tendo sido suspenso a medicação e orientado acompanhamento ambulatorial. Seis meses após, o paciente retornou com dor ocular e hiperemia há 3 dias. Apresentava PIO de 35 mmHg em OD, PK finos em região inferior, flare e edema de córnea +/4+. OE sem alterações. Realizado tratamento semelhante ao da crise anterior, sendo prescrito acetozolamida 250 mg de 6/6 horas VO ao invés de cloridrato de dorzolamida 2% tópica. Após 7 dias, a PIO manteve estável em 11 mmHg em AO e discreto PK inferior em OD. Após 20 dias com melhora do quadro, foi suspensa a medicação e mantido maleato de timolol 0,5% 12/12horas em AO. Não foi observado novas crises desde então e mantido o acompanhamento de rotina. Exames de campo visual e tomografia de coerência optica (OCT) mantiveram sem alterações. Escavação do disco óptico permaneceu de 0,6 x 0,6, AV de 20/20 e PIO estável de 11 mmHg em AO.

Discussão

Por ser uma patologia rara, de etiologia incerta e com PIO desproporcional para os leves sintomas e sinais inflamatórios do segmento anterior, a SPS deve ser corretamente diagnosticada evitando-se a progressão para um glaucoma crônico de ângulo aberto e perda permanente da AV.

Área

Geral

Autores

DIOGO STELITO REZENDE DIAS, DIOGO RODRIGO SILVA, GUSTAVO PORTO LUSTOSA, AMANDA LOPES MIGUEL BRAGA