Dados do Trabalho

Título

BAIXA ACUIDADE VISUAL COMO MANIFESTAÇÃO PRIMÁRIA E ÚNICA DE MACROADENOMA DE HIPÓFISE

Objetivo

Relatar caso de adenoma hipofisário diagnosticado a partir de investigação para baixa acuidade visual (AV).

Relato do caso

Paciente de 65 anos, sexo feminino, encaminhada em maio de 2013 devido à baixa AV a esclarecer com alterações campimétricas. Ao exame, observou-se em ambos os olhos AV de 0, 5 biomicroscopia sem alterações, pressão intraocular de 16 mmHg, disco óptico róseo e bem delimitado, com relação escavação/disco 0,3 e mácula com reflexo levemente diminuído. Apresentou potencial de acuidade macular de 0,6 no olho direito (OD) e 0,8 no OE e campo visual computadorizado (CVC) com hemianopsia bitemporal heterônima. A hipótese de tumor hipofisário foi aventada e após exame de imagem e avaliação por neurologista foi diagnosticado macroadenoma de hipófise. A exérese do tumor foi feita ocorreu em outubro de 2013. Em abril de 2017 a paciente retornou apresentando AV de 1,0 no OD e 0,8 no OE e CVC dentro da normalidade.

Discussão

Os macroadenomas hipofisários podem se manifestar inicialmente com baixa visão e alterações no CVC, levando os pacientes a procurarem frequentemente o oftalmologista. Os macroadenomas que causam piora visual são principalmente não funcionantes, resultando em ausência de sintomas endócrinos e atraso no diagnóstico. Dessa forma, as alterações visuais isoladas nesta patologia exigem que o oftalmologista conheça bem suas correlações anatômicas e a considere dentre os diagnósticos diferenciais. A melhora do campo e da visão após a retirada do tumor é recorrente, porém há uma relação inversamente proporcional entre a duração dos sintomas visuais e a melhora desses sintomas após a cirurgia. Em um estudo com 54 pacientes, 100% dos casos em que o tumor foi ressecado com menos de 6 meses do início dos sintomas houve melhora da AV, mas em apenas 60% dos pacientes foi observada melhora quando o tumor foi retirado após 6 meses do início dos sintomas. Musluman et al e R-W Ho também observaram que o tempo entre o início dos sintomas visuais e a remoção do tumor foi significativamente importante para a melhora visual. No presente relato, houve um intervalo de 7 meses entre as primeiras manifestações visuais e a remoção do tumor, o que permitiu melhora importante da AV. Portanto, cabe ao oftalmologista valorizar as queixas de baixa visão e saber interpretar as alterações do campo visual específicas para não haver atrasos entre o aparecimento dos sintomas visuais e a remoção do tumor.