Dados do Trabalho


Título

Hemorragia intrarretiniana: qual o melhor caminho?

Objetivo

Discutir as vantagens e desvantagens da intervenção com Nd:YAG laser e conduta expectante em casos de hemorragia intrarretiniana.

Relato do caso

MTAC, masculino, 21 anos, recebeu o diagnóstico de leucemia mieloide aguda em fevereiro/2018, quando iniciou quimioterapia (QT) com Citarabina + Idarrubicina. Doze dias após o fim do segundo ciclo de QT foi admitido no Pronto Socorro do BIOCOR com queixa de febre, mal estar, náuseas e vômitos, sendo internado. Durante a internação evoluiu com BAV em AO. Apresentava AVCC OD: 20/400 e OE: 20/80, exame do segmento anterior sem alterações e PIO de 12 mmHg em AO. À fundoscopia havia hemorragia intrarretiniana extensa, incluindo região macular em AO. Após uma semana optou-se por realização de Nd:YAG laser em região perimacular de AO para drenagem da hemorragia. Na ocasião, a contagem de plaquetas era 24 mil e o procedimento só foi feito após transfusão e nova contagem com 55 mil. Evoluiu em 45 dias com AVCC: 20/40 OD e 20/25 OE, queixando-se de escotomas paracentrais em AO. Exame fundoscópico demonstrou resolução da hemorragia e cicatriz em região de aplicação do YAG-laser em AO.

Discussão

Não existe na literatura uma conduta ideal, baseada em evidência científica, para casos de hemorragia pré-macular. Há relatos e séries de casos de condutas expectantes, Nd:YAG laser e/ou de vitrectomia com diferentes resultados a depender da patologia de base, tamanho e local da hemorragia, tempo de evolução e contagem plaquetária. O contato do sangue com a retina por tempo prolongado pode levar ao seu dano tóxico e a presença de sangue intraocular pode resultar em outras complicações como membrana epirretiniana (MER), descolamento de retina, proliferação vitreorretiniana, entre outras. Por outro lado, as intervenções propostas também estão sujeitas a complicações, tais como buraco macular, descolamento de retina, cicatrizes retinianas e MER. No caso apresentado optamos por Nd:YAG laser em AO, o paciente evoluiu com melhora significativa da visão, mas não alcançou AV: 20/20 e permaneceu com escotomas paracentrais. Na literatura existem diversos casos de conduta expectante com ótimos resultados de drenagem espontânea e AV final 20/20, bem como evoluções desfavoráveis devido às complicações secundárias à hemorragia intrarretiniana. Conclui-se que mais estudo é necessário na área e que nem sempre fazer algo é melhor do que “não fazer nada”, por mais que o viés da ação seja reconfortante ao oftalmologista assistente.

Área

Geral

Instituições

IPSEMG - Minas Gerais - Brasil

Autores

Lívia Lourenço do Carmo, Alexandre Amaral Yung, Juliana Merlin Cenedezi, Luiz Felipe Miranda Mendes, Jonas Gustavo Trindade de Abreu, Rhawson Lopes Tonelo