VASCULITE RETINIANA ASSOCIADA AO LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO
Descrever um caso de vasculite retiniana em uma paciente com lúpus eritematoso sistêmico
Foram realizados exame oftalmológico completo, exames complementares e avaliação reumatológica.
V.P.D, 40 anos, feminina, branca, compareceu ao serviço de oftalmologia da Fundação Hilton Rocha com queixas de baixa acuidade visual (BAV) e amaurose fugaz em ambos olhos, pior em olho esquerdo (OE), com progressão nos últimos seis meses. Queixava poliartralgia e alopécia, negava outros sintomas. História pregressa sem outras comorbidades ou uso de medicamentos. Relato prévio de vasculite retiniana em ambos olhos (AO), associada a poliartralgia, sem tratamento ou acompanhamento específico na ocasião. Exame oftalmológico constando acuidade visual em olho direito (OD) 20/25 (-4,25 -0,75 x 90⁰) e em OE 20/30 (- 4,75 -1,25 x 120⁰). Biomicroscopia sem alterações AO. Pressão intraocular de 10mmHg em AO. A fundoscopia apresentava meios transparentes, retina aplicada em polo posterior e periferia com aspecto mosqueado, sugerindo áreas de isquemia; mácula aparentemente livre AO. A angiofluoresceínografia evidenciou hiperfluorescência por leakage venular em arcadas temporais superiores e inferiores em AO, sugerindo quadro de vasculite retiniana.
Foi encaminhada ao serviço de reumatologia, onde foram solicitados exames laboratoriais, que revelaram linfopenia; FAN 1/320 com padrão nuclear pontilhado grosso; Anti-Ro, Anti-La, Anti-SSM, Anti-RNP, Coombs direto e Anti-Cardiolipina IgM e IgG negativos. Considerando o quadro clínico apresentado e dados laboratoriais adicionais ao mesmo, Lúpus Eritematoso Sistêmico foi aventado como diagnóstico. Iniciada terapia com metotrexato, prednisona e ácido fólico, com seguimento clínico dado em conjunto com serviço de reumatológico aliado à oftalmologia. Após início de terapia, paciente referiu melhora progressiva dos sintomas previamente apresentados. Encontra-se atualmente em acompanhamento neste serviço, apresentando redução significativa da atividade da vasculite retiniana e melhora parcial da acuidade visual.
No caso apresentado, o exame oftalmológico associado a investigação reumatológica foram essenciais no diagnóstico de LES. A abordagem precoce do quadro de vasculite retiniana e o controle da atividade da doença são fundamentais na busca de um prognóstico favorável. Vale ressaltar a importância de monitorar este pacientes devido à possibilidade de recorrências.
Geral
Fundação Hilton Rocha - Minas Gerais - Brasil
TATIANNE FERANNADES DUARTE, Maria Mercedes Amaya Gutierrez, Marcela Caetano Bastos , Leticia Alves Gomes de Oliveira , Tiago Brum Braga Gomes