Diferentes abordagens na coriorretinopatia serosa central
Relatar dois casos de coriorretinopatia serosa central associados a paquicoróide e suas diferentes formas de tratamento.
Paciente feminina, 32 anos, com queixa de baixa acuidade visual (BAV) no olho esquerdo (OE) há 6 meses. Segundo encaminhamento, paciente previamente submetida à duas aplicações intravítreas de ranibizumabe, por hipótese de membrana neovascular secundária à miopia. Portadora de alta miopia e de glaucoma, em uso de Brinzolamida/Timolol colírio em ambos os olhos (AO).
Ao exame oftalmológico, apresentou uma acuidade visual no olho direito (OD) de 20/20 e no OE de 20/100 (Snellen). Sem alterações à biomicroscopia e pressão intra-ocular de 12mmHg em AO. À fundoscopia, notou-se brilho macular alterado no OE. A tomografia de coerência óptica (OCT) e a angiografia fluorescente (AFG) evidenciaram um descolamento de retina neurossensorial no OE, associado a um espessamento de coróide, sugerindo a hipótese de coriorretinopatia serosa central (CSC) de paquicoróide.
Optou-se por iniciar o tratamento clínico com espironolactona 50mg ao dia. O tratamento foi mantido por 3 meses e após esse período foi realizada uma nova OCT, que revelou a melhora do fluido subretiniano e também da AV, atingindo 20/40.
Paciente masculino, 41 anos, com queixa de BAV no olho esquerdo há 2 anos. Relato de tratamentos prévios. O exame oftalmológico mostrou AV de 20/20 no OD e 20/40 no OE, biomicroscopia sem alterações e PIO de 15 mmHg em AO. A fundoscopia revelou alterações de EPR em AO.
A AFG evidenciou áreas de vazamento em AO e a OCT revelou presença de descolamento seroso em ambos os olhos com aumento da espessura da coróide.
Diante também da hipótese de CSC, nesse caso, optou-se por tratamento com laser focal e após 30 dias houve melhora do líquido subretiniano e AV de 20/20 em AO.
A paquicoróide é um espectro que reúne entidades clínicas com uma característica em comum: o espessamento da coróide. Sua fisiopatologia na CSC envolve a dilatação de grandes vasos coróides com obstrução da coriocapilar, aumento da permeabilidade e consequente extravasamento de líquido. Dentre as opções de tratamento temos o laser focal nas regiões de vazamento. Seu objetivo é a repopulação com células do EPR sadias. Outra opção é com antagonistas da aldosterona. Ao bloquearem os receptores dos mineralocorticóides eles diminuem a vasodilatação coroideana. Apesar de atualmente ser descrita uma grande variedade de intervenções, a CSC apresenta-se ainda desafiadora quanto à conduta terapêutica.
Geral
Nadine Fernandes da Silva, Tereza Cristina Moreira Kanadani, Frederico Braga Pereira