Dados do Trabalho


Título

Sucesso de transplante tectônico corneoescleral seguido de transplante tectônico corneano em úlcera fúngica perfurada.

Objetivo

Descrição da condução de complexo caso de úlcera fúngica perfurada.

Relato do caso

Paciente do sexo masculino, 44 anos, procedente da zona rural de Piumhi, compareceu ao serviço de urgência do hospital São Geraldo em 29 de abril de 2018 apresentando quadro de ceratite infecciosa após de trauma ocular em OD por “besouro”, ocorrido em outubro de 2017. Nesta ocasião apresentava acuidade visual de percepção luminosa com diferenciação de cores, edema palpebral, conjuntiva com quemose e hiperemia 4+, córnea em melting com tamponamento ocular pelo próprio cristalino. Foi internado com propósito de TX tectônico de urgência e iniciado tratamento clínico com voriconazol VO; anfotericina, pimaricina, vancomicina, e gentamicina tópicos. Neste intervalo, evoluiu com extrusão cristalinana e perda vítrea por perfuração extensa. Foi realizado transplante corneorscleral (30/04/18) e mantido tratamento clínico (cultura do material obtido na cirurgia revelou crescimento de Aspergillus sp.). Durante a internação apresentou alteração do estado mental com agitação e agressividade que, após extensa investigação propedêutica, foi atribuída à impregnação por voriconazol. Assim, substituiu-se essa terapêutica por anfotericina B intracameral. No botão transplantado houve novo crescimento infeccioso e evolução para melting, sendo então realizado transplante corneano (29/06) e mantido o tratamento clínico anteriormente proposto. O paciente evoluiu com epitelização quase total do botão transplantado até a última avaliação-a despeito de não estar em imunossupressão sistêmica; e apresenta acuidade visual de 20/400 com correção de +10,00D.

Discussão

O caso é singular considerando-se que a epitelização final ocorrida no olho do paciente se deu a partir de um limbo de um doador (primeiro transplante) sobre a córnea de um outro doador (segundo transplante) em um indivíduo que não estava em imunossupressão sistêmica. Ademais, constatou-se uma acuidade visual até o momento surpreendente, considerando-se toda a gravidade do quadro (perfuração extensa, perda vítrea, extrusão de cristalino, infecção fúngica, dois transplantes tectônicos de córnea).

Área

Geral

Instituições

Hospital São Geraldo - Minas Gerais - Brasil

Autores

Marcelo Barreiros Ribeiro, Priscila Ferreira Cunha, Pamela de Souza Haueisen Barbosa, Frederico Bicalho Dias da Silva, Camila Godinho Ribeiro, Bárbara Guimarães Lisboa Lima