A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DO HEMANGIOMA CAVERNOSO RETINIANO: RELATO DE CASO
Relatar um caso de paciente com diagnóstico de hemangioma cavernoso retiniano identificado em exame fundoscópico (FO) de rotina, ressaltando a importância da exclusão de diagnósticos diferenciais.
Paciente do sexo masculino, 50 anos, hígido, encaminhado ao departamento de retina devido à FO com presença de lesão esbranquiçada, circundada por aglomerados de aneurismas saculares, de coloração vermelho-escuro, semelhantes a um cacho de uvas, próximos à mácula, em arcada temporal inferior (ATI) no olho direito (OD). Aventada a hipótese de tumor vasoproliferativo. Apresentava acuidade visual (AV) (Snellen) de 20/20 em ambos os olhos (AO). Foram solicitados revisão laboratorial e exame de neuroimagem que não apresentaram alterações. Angiografia fluorescente evidenciou a sedimentação de eritrócitos, com preenchimento retardado na fase venosa e ausência de vazamento, além de tortuosidade vascular no interior da lesão, com hiperfluorescências puntiformes (defeito em janela devido às drusas ou por microaneurismas) e hipofluorescências por bloqueio hemático. Na tomografia de coerência óptica foi visualizado espessamento intrarretiniano, poupando membrana limitante externa, em topografia de ATI do OD. Com a hipótese diagnóstica de hemangioma cavernoso, optou-se por conduta expectante. Paciente mantém o mesmo aspecto da lesão e AV em AO, após três anos de acompanhamento.
O hemangioma cavernoso retiniano é um raro tumor vascular benigno, com idade média de diagnóstico aos 23 anos e predominância no sexo feminino (3:2). São lesões constituídas por vasos sanguíneos dilatados, que formam cavidades onde há lentificação do fluxo sanguíneo. É importante diferenciá-los de tumores vasoproliferativos da retina, hemangioma capilar retiniano, hemangioma racemoso e doença de Coats, a partir de análise fundoscópica e da angiofluoresceinografia. Quando possui localização macular, o hemangioma cavernoso pode causar baixa acuidade visual ou, ser assintomático quando localizado na periferia retiniana. Geralmente, não são progressivos e não requerem tratamento. Entretanto, a lesão deve ser acompanhada e pode, em alguns casos, apresentar crescimento e hemorragia vítrea. No caso desta última, pode ser necessário tratamento com vitrectomia, crioterapia ou fotocoagulação a laser.
Geral
Instituto de Olhos Ciências Médicas - IOCM - Minas Gerais - Brasil
Larissa Lima Magalhães, Júlia Maggi Vieira, Larissa Fouad Ibrahim, Senice Alvarenga Rodrigues Silva, Fábio Borges Nogueira