Dados do Trabalho


Título

Oclusão bilateral de veia central da retina e sua relação com o descontrole de comorbidades sistêmicas: a importância da prevenção

Objetivo

Relatar um caso de oclusão bilateral de veia central da retina (OVCR), salientando a importância do controle das doenças sistêmicas de base como prevenção de fenômenos vasculares oclusivos e sua recorrência.

Relato do caso

Paciente do sexo masculino, 55 anos, tabagista, obeso, portador de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) de difícil controle, doença renal crônica (DRC) dialítica e hiperlipidemia, queixava-se de baixa acuidade visual (AV) há um mês. Apresentava AV de movimento de mãos (MM) em ambos os olhos (AO) e pressão intraocular de 11 mmHg em AO. Sem alterações na biomicroscopia e na gonioscopia. O mapeamento de retina demonstrou em AO: proliferação vítreorretiniana, estreitamento arteriolar, hemorragias em chama de vela e pré-retinianas nos quatro quadrantes, shunt arteriovenoso no disco óptico (DO) e exsudatos duros maculares. Sua angiografia evidenciou hipofluorescência precoce por bloqueio devido a hemorragias, extensas áreas de hipofluorescência por não perfusão em toda periferia e com acometimento macular (isquemia difusa grave), hiperfluorescência por Leakage (neovasos) no DO e na periferia, além de hiperfluorescência macular tardia em AO. O ecodoppler de carótidas identificou bilateralmente: ateromatose bulbar na artéria carótida interna, de pequenas dimensões, calcificadas, determinando estenose inferior a 50% do fluxo sanguíneo, sem repercussões hemodinâmicas. A revisão laboratorial não apresentava outras alterações. Foi e ealizada panfotocoagulação em AO e o paciente seguiu em acompanhamento, mantendo a AV de MM.

Discussão

Além da raridade do relato, já que a OVCR ocorre bilateralmente em apenas 11% dos casos, é importante salientar os diversos fatores de risco esta doença, uma vez que o bom controle das comorbidades sistêmicas poderia evitar sua ocorrência. Além disso, há estudos que associam a OVCR ao aumento de mortalidade, atribuída estatisticamente a desordens cardiovasculares e diabetes associados. Portanto, esse caso deve servir de alerta para pacientes com alto risco, a fim de que o oftalmologista busque conscientizá-los da importância do controle clínico adequado, evitando desfechos desfavoráveis, tanto visuais quanto sistêmicos.

Área

Geral

Instituições

Instituto de Olhos Ciências Médicas - Minas Gerais - Brasil

Autores

Débora Faleiros Leite, Larissa Fouad Ibrahim, Senice Alvarenga Rodrigues Silva, Anna Flávia Ribeiro Pereira