Dados do Trabalho


Título

CERATOCONJUNTIVITE GONOCÓCICA BILATERAL GRAVE EM PACIENTE IMUNODEPRIMIDO: RELATO DE CASO

Objetivo

Relatar caso de ceratoconjuntivite bilateral que evoluiu com melting corneano total em olho direito e ceratite ulcerativa periférica infecciosa em olho esquerdo, associado a AIDS e submetido à transplante córneo-escleral..

Relato do caso

V.G.S, Masculino, 71 anos, sem comorbidades, procurou oftalmologista por prurido ocular bilateral há 10 dias, que evoluiu com conjuntivite purulenta intensa bilateral, inicialmente tratada com colírio de corticóide-antibiótico, evoluindo em 8 dias com derretimento corneano total em OD com exposição da íris e extrusão do cristalino e derretimento corneano superior profundo em OE, apresentando ausência percepção luminosa em OD e visão de vultos em OE. Após isso, substituido tratamento por moxifloxacino de 2/2h, gentamicina 1/1h e lubrificante de 1/1h. Sem melhora do quadro, em 2 dias foi encaminhado ao HSG e imediatamente internado, colhido material para culturas e submetido à transplante córneo-escleral tectônico em OD e irrigação e injeção conjuntival com gentamicina em OE, além disso, foi iniciada Ceftriaxone 1g EV de 12/12h, Vancomicina 1%, Amicacina 1% e Ciprofloxacino colírios. Bacterioscopia revelou diplococos gram negativos e posteriormente culturas confirmaram crescimento abundante de gonococos. Durante a internação evoluiu com tosse produtiva, dispneia, dessaturação e hipotensão, sendo transferido para CTI e iniciada ampla investigação que diagnosticou HIV/AIDS e pneumocistose, necessitando uso de Piperaciclina-tazobactam e terapia antirretroviral. Paciente evoluiu progressivamente com melhora do processo infeccioso, epitelização do enxerto em OD, alcançando visão de 20/800 e diminuição do afilamento em córnea de OE e visão de 20/30.

Discussão

A conjuntivite gonocócica caracteriza-se por início explosivo de hiperemia ocular, quemose, secreção purulenta podendo evoluir em 15-40% dos casos com infiltrados, derretimento e perfuração corneana. Trata-se de doença sexualmente transmissível resultante de contato gênito-ocular direto, sendo que em 1 terço dos pacientes, outras DSTs são diagnosticadas. Deve sempre ser tratada com terapia sistêmica e internação com terapia endovenosa quando há acometimento corneano, colírios tópicos e irrigação salina do saco conjuntival adjuvante. Neste caso, a potencialidade do microorganismo pode ter sido agravada pela imunodeficiência, senilidade e uso tópico de corticóide. No entanto, tal imunossupressão possivelmente foi favorável para a não rejeição do enxerto córneo-escleral no OD.

Área

Geral

Instituições

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - Minas Gerais - Brasil

Autores

SAULO COSTA MARTINS, Mário Antônio Gherard Pinto Júnior, Leonardo Rodrigues Pereira, Carolina Saliba de Freitas