Amiloidose conjuntival temporal pós facectomia no olho direito.
Relatar caso de uma paciente com lesão conjuntival temporal no olho direito que surgiu pouco tempo após realizar facectomia do olho direito há 7 anos.
O.D.M., 62 anos, branca, com história de surgimento de lesão conjuntival em canto temporal de olho direito após realizar facectomia deste olho em 2011. Desde então, a lesão cresceu de forma indolente e sem dor, apenas com queixas de superfície ocular como sensação de corpo estranho e ardência. Chegou ao setor de plástica ocular do HU-UFJF portando dois US de olho direito em datas distintas, sem saber o motivo pelo qual tais exames foram solicitados. US em 21/09/2016 com HD de esclerite posterior e em 21/06/17 com HD de DVP. Nega qualquer alteração na acuidade visual ou dor na ocasião em que foram realizados. Na história oftalmológica prévia apenas facectomia de AO em 2011. Hipertensa em uso de anti-hipertensivos orais. Pais falecidos por doença cardíaca e filhos hígidos. Nega etilismo ou tabagismo. No exame oftalmológico, apresentava acuidade visual com correção no OD: +0,50= -2,25 a 80 (0,8) e no OE: -1,00= -1,75 a 120 (0,8). Motilidade ocular preservada, fendas palpebrais simétricas, reflexos pupilares sem alterações. Na biomicroscopia do OD, observamos elevação da conjuntiva temporal até inserção do m. reto lateral, discreta quemosa róseo-amarelada até linha média, córnea transparente, fluoresceína negativa, pseudofácida com discreta opacidade de cápsula posterior. Sem alterações ao exame biomicroscópico de OE. Tonometria com tonômetro de aplanação de Goldman realizado às 8h27min: 16/16. Fundoscopia de ambos os olhos revelando nervo óptico corado, escavação 0,2x0,2, mácula seca, reflexo foveolar fisiológico e retina aplicada. Realizada biópsia incisional da lesão e histopatológico evidenciou material amorfo permeado por edema tecidual e focos hemorrágicos sem predomínio linfocitário quando corado pela hematoxilina-eosina (HE). Ao utilizar o vermelho-congo, sob luz polarizada, verificou-se a birrefringência verde, patognomônico de amiloidose. Essa paciente permanece em acompanhamento clínico após abordagem da lesão e refere melhora dos sintomas que a fizeram procurar atendimento oftalmológico. Em investigação com diferentes especialidades para excluir forma sistêmica da doença.
Apesar de rara, a amiloidose conjuntival deve ser lembrada como diagnóstico diferencial em lesões conjuntivais e outras desordens sistêmicas a exemplo do mieloma múltiplo, deverão ser investigadas.
Geral
UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA - Minas Gerais - Brasil
LAUREN MOURÃO POÇAS DE SIMONI, MARTA HALFELD FERRARI ALVES LACORDIA, BIANCA FIGUEIREDO BARCZEWSKI, GUSTAVO HENRIQUE DE LIMA MELILLO, YAN ANDRADE REIS HADDAD, MARCONE REIS LUIZ JÚNIOR