Desafio diagnóstico em neurorretinite: Relato de Caso
Estabelecer diagnóstico diferencial de Uveítes Posteriores Infecciosas por meio de anamnese bem realizada, exame físico minucioso, epidemiologia e auxílio de exames sorológicos.
A neurorretinite é uma forma de apresentação da uveíte posterior caracterizada por perda visual, edema e hiperemia do disco óptico com acometimento da retina adjacente, podendo evoluir com estrela macular. Os principais agentes infecciosos causadores da
neurorretinite são Toxoplasma gondii, Bartonella sp., Borrelia sp. e Treponema pallidum. Neste trabalho apresentamos um caso de neurretinite secundário ao T. gondii ou Bartonella sp
Mulher, 30 anos, com história de baixa acuidade visual súbita e indolor no olho direito (OD) há oito dias. No primeiro dia de avaliação apresentava melhor acuidade visual corrigida de 20/80 no OD. À biomicroscopia OD ausência de celularidade e flare na câmara
anterior e vítreo. À fundoscopia OD apresentava margens indefinidas e hiperemia do disco óptico, hemorragias em chama de vela no disco e mácula e estrela macular. Nega contato direto com gatos mas há muitos na vizinhança. Foi iniciado tratamento urgente para neurorretinite secundário a T. gondii com Sulfadiazina, Pirimetamina, Prednisona e Ácido Folínico. No 38º dia de tratamento, a paciente apresentava acuidade visual corrigida de 20/20 no OD, com regressão significativa das lesões do disco óptico e retina. Exames laboratoriais: sorologias IgG positiva e IgM negativa para T. gondii, Bartonella quintana, CMV e varicela zoster; VDRL e FTA-abs não reagentes
Retinocoroidite toxoplásmica é a principal causa de uveíte posterior de origem infecciosa no Brasil. O diagnóstico consiste na apresentação clínica associado a positividade da sorologia do T. gondii. A neurorretinite por T. gondii é uma forma de apresentação menos prevalente, porém a negatividade da sorologia não exclui este patógeno como causador da doença (janela imunológica). A doença da arranhadura do gato é causa mais comum de neurorretinite, causado pela Bartonella henselae ou Bartonella quintana. A maioria dos casos é unilateral e autolimitada. No caso descrito a paciente apresentava sorologias positivas para T. gondii e Bartonella quintana. O diagnóstico de neurorretinite por T. gondii foi pensado inicialmente devido à elevada prevalência e optou-se pelo tratamento precoce para reduzir o tempo de lesão. Entretanto, após o resultado da sorologia para Bartonella quintana a doença da arranhadura do gato tornou-se a principal hipótese diagnóstica
Geral
HOSPITAL EVANGÉLICO - Minas Gerais - Brasil
RAFAEL RIBEIRO DE ASSIS, MARIANA IMBROISI DOS SANTOS, VINÍCIUS MONTEIRO DE CASTRO, RAFAEL BRAGA FREIRE, LORENA ROSA FERREIRA, FRANCESCA SÁ FREIRE