Dados do Trabalho

Título

Exotropia intermitente: quando a melhor conduta é aguardar

Objetivo

Relatar caso de paciente com exotropia de evolução atípica

Relato do caso

Paciente E.G.C., compareceu ao Departamento de Estrabismo da Fundação Hilton Rocha, aos 8 anos de idade, em 2008, com queixa de baixa acuidade visual (BAV) em ambos os olhos (AO), dor ocular e estrabismo. Sem tratamento prévio, antecedentes de doenças e uso de medicamentos. Ao exame apresentava acuidade visual corrigida em OD 0,5 e em OE 1,0. Refração OD +2,50-3,00x5° OE +1,75-1,00x145°. Biomicroscopia anterior e fundoscopia sem alterações. Cover teste (CT) com correção apresentava exotropia (XT) fixando a 6 metros de 50 dioptrias prismásticas (DP) e fixando a 30cm XT de 70 dioptrias prismáticas. Movimentação ocular extrínseca preservada. Optou-se na ocasião pela prescrição de lentes corretivas OD plano-2,50x5° OE plano e pela oclusão OE 6h/dia. Retornou somente em 2010, ainda com o mesmo óculos, acuidade visual OD 0,6 e OE 1,0. Ao CT mesmas medidas apresentadas na primeira avaliação. A paciente então foi encaminhada para avaliação pré operatória. Até o ano de 2012 as medidas da exotropia continuavam sem grandes variações. Neste ano, a paciente já com 12 anos de idade, retornou para nova medida pré operatória, quando observou-se intermitência do desvio, não apresentada anteriormente nos exames feitos por diferentes examinadores e em diferentes horários. Ao CT, na ocasião, exotropia intermitente X(T) fixando a 6 metros 50 DP e X(T)’ fixando a 30cm de 62 DP, impressionantemente a paciente apresentava fusão. Manteve-se a indicação cirúrgica porém após realizar novas medidas devido a importante variação do desvio. Evoluiu até o ano de 2015 com medidas progressivamente menores do XT intermitente quando retornou apresentando ao CT discreta exoforia para longe e perto. Entre os anos de 2016 e 2018 o desvio variava de intermitente a latente. Na última avaliação em 2018 paciente estava ortofórica para longe e perto e ao Titmus informava estereopsia grosseira de 200’’ arco.

Discussão

A paciente apresentou uma evolução inesperada do desvio divergente e do seu comprometimento sensorial, o que comprova a necessidade de mais estudos e investigação de comorbidades que podem acometer a funcionalidade da musculatura extraocular; permitindo assim uma melhor condução e indicação cirúrgica no momento realmente adequado, assegurando a estética e função visual do paciente.