Dados do Trabalho


Título

Carcinoma palpebral de células de Merkel: Relato de caso.

Objetivo

Relatar um caso de carcinoma palpebral de células de Merkel atendido na Clínica de Olhos da Santa Casa de Belo Horizonte, com ênfase no exame oftalmológico, importância do anatomopatológico no diagnóstico diferencial com outros tumores palpebrais e técnicas de reconstrução após excisão tumoral.

Relato do caso

Paciente MAC, sexo feminino, 47 anos, hígida, atendida no serviço de urgência da Clínica de Olhos da Santa Casa de Belo Horizonte em 04/01/2018 relatando edema palpebral superior em olho direito (OD), associado a presença de lesão nodular há cerca de 2 meses. Negava patologias oculares prévias. Ao exame: acuidade visual com melhor correção: 20/20 em ambos os olhos (AO). PIO: 14/14mmHg. Biomicroscopia OD: lesão palpebral superior, mediana, nodular, ligeiramente elevada, causando ptose leve, aumento da espessura e emolduramento palpebral devido ao aspecto fibrótico. Conjuntiva tarsal hiperemiada. Olho esquerdo (OE): sem alterações. Fundoscopia: sem alterações AO. Foi questionado como hipótese diagnóstica tumor de glândula sebácea. Realizou-se biópsia excisional da lesão com retirada de pentágono de pálpebra superior que evidenciou tratar-se de carcinoma de células de Merkel, com margens cirúrgicas livres e exíguas. Realizada reconstrução da pálpebra superior através de rotação de retalho de pálpebra inferior (técnica de Abbé-Mustardé) com posterior reconstrução desta com enxerto de pele retroauricular. O serviço de oncologia do hospital foi contactado para acompanhamento conjunto da paciente visto tratar-se de um tumor agressivo tanto localmente quanto à distância.

Discussão

O carcinoma de células de Merkel é um tumor raro e altamente agressivo. Origina-se de células com receptores neuroendócrinos da pele (células de Merkel). Localiza-se mais frequentemente na pálpebra superior e surge como um nódulo avermelhado, de crescimento progressivo e indolor. Pode se assemelhar ao carcinoma de glândulas sebáceas. Apresenta elevada incidência de recidiva local, acometimento de linfonodos locorregionais e, em até 25% dos casos, podem estar presentes metástases à distância, necessitando de tratamento agressivo e investigação meticulosa. Dessa forma, é de extrema importância realizar o diagnóstico diferencial entre esta afecção e tumores palpebrais mais comuns, uma vez que, além de uma ampla ressecção do tumor primário, necessária para o tratamento da lesão, podem ser necessárias a linfadenectomia regional e radioterapia adjuvante.

Área

Geral

Instituições

SANTA CASA DE BELO HORIZONTE - Minas Gerais - Brasil

Autores

ISABELA GONÇALVES SIQUEIRA, NATAN NAMEM HALABI, VICTORIA MOREIRA FERNANDES , CARLOS EDUARDO MESSINGER SALOMÃO, BÁRBARA SALOMÃO DE ALMEIDA CUNHA, LINA PORTO HERMETO