Evolução da retinocoroidite em crianças com toxoplasmose congênita identificadas pela triagem neonatal em Minas Gerais
Esse estudo pretende caracterizar a evolução da RC em crianças com TC ao longo dos cinco primeiros anos de vida, com ênfase na prevalência e incidência de RC ativa/cicatricial
. A investigação faz parte de estudo prospectivo que incluiu crianças com TC identificadas por triagem neonatal (IgM específica em sangue seco) em MG, entre nov.2006 e mai.2007, pelo grupo da UFMG de toxoplasmose congênita. Neonatos com TC confirmada foram submetidos a avaliação oftalmológica, nos dois primeiros meses de vida e, pelo menos anualmente, nos anos subsequentes. Foram analisadas prevalência e incidência das lesões de RC nos primeiros cinco anos de vida. Para análise estatística, além do cálculo de proporções, utilizaram-se curvas de sobrevivência de Kaplan-Meier.
A triagem neonatal identificou TC em 1 a cada 770 nascidos vivos no período estudado. Desses 178 com infecção confirmada, 95% nasceram de mães não tratadas no período pré-natal. Observou-se prevalência de 79,8% de RC já no exame inicial, com 39,9% dos olhos exibindo lesões ativas. 46,3% das lesões em 62,4% dos pacientes tinham localização macular, contribuindo para a perda significativa da visão nos olhos afetados. Todas as crianças foram tratadas com esquema clássico no primeiro ano de vida. O acompanhamento oftalmológico anual mostrou o aparecimento de novas lesões ativas a partir do terceiro ano (5/153 crianças; 3,3%), mas principalmente no quarto (22/145 crianças; 15,2%) e quinto anos de vida (12/146; 8,2%). Cicatrizes novas foram também identificadas ao final dos cinco anos de acompanhamento, de modo que apenas 6,8% das crianças não haviam desenvolvido alguma lesão de RC em pelo menos um dos olhos até essa idade
Em conclusão, nosso estudo reforça a RC como principal manifestação da TC, com prevalência crescente nos primeiros anos de vida e superior à de outros estudos reportados na literatura. A RC frequentemente acomete a mácula, contribuindo à perda de visão nos olhos afetados. Apesar do tratamento pós-natal no primeiro ano, há um pico de novas lesões de RC ativa entre o quarto e quinto ano de vida, exigindo maior atenção nesse período.
Geral
ANGEL ALESSIO ROJAS LAGOS, Danuza de Oliveira Machado Azevedo, Roberta Maia Castro Romanelli, José Nélio Januário, Gláucia Manzan Queiroz Andrade, Daniel Vitor Vasconcelos Santos , Camilo Brandão de Resende