Transplante endotelial de córnea pela técnica "Descemet Membrane Endothelial Keratoplasty" no Instituto de Olhos Ciências Médicas nos anos de 2017 e 2018: estudo de casos e comparação com dados da literatura
Analisar os casos submetidos à transplante endotelial de córnea pela técnica "Descemet Membrane Endothelial Keratoplasty" (DMEK) no Instituto de Olhos Ciências Médicas de março de 2017 a agosto de 2018 e comparar com os dados da literatura.
Total de 21 olhos foram submetidos ao DMEK. Realizaram-se análises sobre o motivo das indicações cirúrgicas, tempo de preservação da córnea doadora, dados pré e pós operatórios do primeiro, terceiro, sexto e décimo segundo meses de acompanhamento (acuidade visual corrigida, pressão intraocular), complicações intra e pós operatórias e da necessidade de cirurgia combinada com a cirurgia de catarata.
O tempo médio de acompanhamento foi de 6 meses. A indicação cirúrgica foi 43% secundário à ceratopatia bolhosa do pseudofácico, 28,5% por distrofia endotelial de Fuchs, 28,5% por outras opacidades corneanas; 33% foram DMEKs combinadas com cirurgia de catarata; 71,4% do tempo de preservação da córnea doadora foi de 5 a 10 dias e 24% de 10 a 15 dias e 4,6% de 0-5 dias; em relação a acuidade visual (AV) , 76,5% dos pacientes apresentaram melhora e 23,5% mantiveram a mesma AV pré-operatória. A opacidade corneana prejudicou a leitura da microscopia especular e em apenas 14% dos casos foi possível acompanhamento da contagem endotelial através de mais de uma medida. As complicações encontradas foram: 9,5% com bloqueio pupilar pela bolha de ar, 9,5% aumento da pressão intraocular no pós-operatório imediato, 19% descolamento do transplante periférico sendo necessário em metade desses casos colocação de nova bolha de ar em câmara anterior (rebubbling). 14% dos casos necessitaram de nova abordagem cirúrgica do transplante.
DMEK é uma nova técnica cirúrgica que vem ganhando espaço devido a sua maior segurança, menor chance de rejeição, redução da frequência do uso de esteroides, melhores resultados na acuidade visual final. Comparando com a literatura¹, em 90,5% dos casos apresentaram melhora da AV, em 4,6% AV inalterada e 4,9% apresentaram piora da mesma, enquanto que em nosso estudo 76,5% apresentaram melhora da AV e 23,5% mantiveram a AV pré-operatória. São reportadas complicações intra-operatórias em 9,4% dos casos, em nossa série somaram 9,5%. Quanto às complicações pós-operatórias é citado 27,4%, sendo o descolamento do transplante a principal delas, semelhante a nossa casuística de 19%. A taxa de rebubbling documentada na literatura foi de 20,1% enquanto em nosso estudo de 9,5%.
Geral
Instituto de Olhos Ciências Médicas - Minas Gerais - Brasil
SENICE ALVARENGA RODRIGUES SILVA, Larissa Fouad Ibrahim, Francisco Higor Ribeiro Rodrigues, Paula Leticia Cardoso Ledesma, Glauber Coutinho Eliazar, Bruno Lovaglio Cançado Trindade