Dados do Trabalho


Título

Descolamento de coroide, miopia aguda e fechamento angular induzidos pelo topiramato

Objetivo

Relatar um caso de paciente jovem com quadro agudo bilateral de miopia, fechamento angular e descolamento de coroide induzidos por terapia com topiramato para controle de síndrome depressiva.

Relato do caso

D.A.H., 23 anos, sexo masculino, lavrador, procurou o serviço de emergência do HUCAM - Hospital das clínicas de Vitória com queixa de baixa acuidade visual (BAV) súbita para longe, bilateral, nas últimas 72 horas. O paciente negava antecedentes oftalmológicos e referia emetropia anteriormente. Os antecedentes médicos gerais incluíam síndrome depressiva em tratamento com Valproato de sódio, Desvenlafaxina e, há quinze dias, iniciado tratamento com Topiramato na dose de 25 mg/dia por 5 dias, com aumento progressivo para 50mg/dia por 3 dias, 75mg/dia por 3 dias e 100 mg/dia em uso há 2 dias.
Ao exame inicial apresentava acuidade visual sem correção (AV s/c) em ambos olhos (AO) < 20/200. O exame pupilar era normal bilateralmente, sem sinal de defeito pupilar aferente. À biomicroscopia apresentava câmara anterior rasa. Tonometria: olho direito (OD) 16mmHg e olho esquerdo (OE) 15mmHg. À refração dinâmica OD -7,75 -0,75 120º e OE -8,50 -0,50 120º, com AV de 20/20 em AO. À fundoscopia apresentava escavação de disco óptico aumentada em AO. À gonioscopia visualizava-se apenas linha de schwalbe em 3 quadrantes. USG ocular evidenciou descolamento de coroide em AO. UBM mostrou deslocamento anterior do diafragma iridocristaliniano, ângulo estreito, edema de corpo ciliar em AO. Conduta: Interrupção do uso de topiramato e inicio de colírio hipotensor Drusolol.
No retorno, após 7 dias, paciente referiu melhora dos sintomas . Apresentava AV s/c 20/20 AO, autorefrator OD – 0,25 DE e OE plano, tonometria dentro dos limites da normalidade em AO, sem particularidades à biomicroscopia. Gonioscopia evidenciava faixa ciliar nos 4 quadrantes em AO. Resolução do descolamento de coroide ao USG.

Discussão

O Topiramato é um medicamento anticonvulsivante usado regularmente pela neurologia e psiquiatria. Apesar de raro, pode provocar efusão uveal com descolamento de coroide devido ao edema do corpo ciliar com consequente deslocamento anterior do diafragma iridocristaliniano, causando assim miopização aguda e fechamento angular. Apesar de alarmante, o quadro clinico é benigno, transitório e reverte de 3 a 7 dias após a suspensão da medicação.

Área

Geral

Autores

Jéssica Cararo Frossard, Débora Leticia Souza Alves, Caroline Oliveira Brêtas, Emanuelly Giovaneli Constancio, Mariana Heid Rocha Hemerly